Ao franzir o semblante, diante de um espelho, ninguém espera ver nele refletido um sorriso. Entretanto, é assim que fazemos aos nossos irmãos: neles descarregamos as nossas mágoas e as nossas inquietações, mas esperamos que sempre nos ofereçam um sorriso amável e um gesto de carinho. Esperar que isto aconteça, é como acreditar que um espinho se transforme em rosa; ou que da ofensa possa brotar o elogio. Das nossas ações, dependem as reações daqueles que nos cercam. Como da intensidade do vento dependem as belas canções das palmeiras; ou os vendavais, que a tudo destroem. Todos precisamos de companhia. Porque o homem não é como a montanha, que se eleva por si própria; somos, antes, como as gotas que, unidas, formam este infinito oceano que é o mundo . Todavia, nós mesmos construímos os invisíveis muros que nos separam.Da compreensão, surge a integração. E da orientação surgirá a confiança. Da humilhação e da ofensa, entretanto, surgem a mágoa e o ressentimento, que mais cedo ou mais tarde nos envolverão em suas ondas turvas.Assim, devemos vigiar os nossos sentimentos; porque é deles que brotam as nossas palavras e as nossas ações. E podemos ter a certeza de que, algum dia, a palavra ofensiva que a alguém dirigirmos, por esse alguém nos será devolvida; como o prejuízo que a outro causarmos, por ele nos será cobrado. A gentileza é como a flor, a espalhar o seu doce perfume por quantos dela se acercam. E a agressividade é como a onda impetuosa, que ao encontrar o dique se dobra sobre si mesma e retorna ao mar revolto de onde partiu. Nada nos custa sermos gentis, e ao nosso redor espalhar a compreensão e os mais nobres sentimentos. Aquele que ofende aos seus irmãos semeia as pedras que machucarão os seus próprios pés. E cria para si mesmo um deserto árido e impiedoso, onde não poderá refrescar-se à sombra da amizade; nem desfrutará do poço cristalino da companhia, que dessedenta a nossa alma. Como se enganam aqueles que a todos se julgam superiores, e aos seus irmãos oferecem o desdém; porque ninguém é verdadeiramente grande, enquanto a vaidade permanece em sua alma. E estes jamais encontrarão um braço amigo, que os ampare na queda do pedestal onde se tentam colocar. Há aqueles que sobre todos derramam a sua irritação, a contrariedade pelos percalços da vida; e, ao fazê-lo, afastam a possibilidade de receber um abraço meigo, ou uma palavra de carinho, que poderiam trazer a paz à sua alma. Porque são poucos, entre nós, os que à violência respondem com a brandura. Por que espalhar lágrimas entre os nossos irmãos, se deles necessitamos para enxugar as nossas próprias lágrimas? E por que semear de dores os seus caminhos, se são os mesmos caminhos que devemos percorrer? Busquemos semear, sempre, o carinho, a tolerância e a paz, ao nosso redor. Para que possamos encontrá-los, em nossos próprios caminhos!
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